limbo dos sonhos

Porque todos nós sonhamos... nem que seja por um momento apenas!

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Sou apenas mais uma, daquelas que prefere a luz às sombras!

quarta-feira, novembro 22, 2006

Abraça-me


- Abraça-me!

Era tudo o que te queria dizer! Estávamos sozinhos, envolvidos no role da manhã, na solidão de mim mesma e de algo teu que não consigo descodificar, que não consigo nunca perceber… Às vezes gostava de olhar para ti e saber exactamente o que pensas, o que sentes, o que queres… mas não consigo!

Um abraço! Um único como os de mais tão especiais… Não era por te amar, não era por ter saudades, não era por sentir incrivelmente a tua falta durante toda a semana… era simplesmente, porque somos amigos!

Dei comigo a olhar-te com um aperto grande no peito… estavas de costas a olhar o placar!

Fechei os olhos por uns segundos…

Levantei-me, fui ao teu encontro e fiquei mesmo atrás de ti… como um felino sorrateiro, sem barulho, sem me denunciar!

Voltaste-te lentamente e ficaste muito perto! Olhei-te sem saber o que dizer… as palavras não me faziam muito sentido para te pedir isto, fossem elas quais fossem! Sabia que nos meus olhos brilhava o desespero do meu sentido desnorteado, o meu sentir-me completamente e incrivelmente perdida… As tuas mãos meigas seguravam-me o rosto…sorriste! Depois abraçaste-me com força, com aquele jeitinho que tu sabes fazer, e o meu coração explodiu descompassado!

Abri os olhos! Continuavas de costas com os olhos no placar e à nossa volta um silêncio ensurdecedor pairava…

Voltaste-te, desta vez porém, bem longe da cadeira onde eu estava sentada!

- Vou comprar qualquer coisa para comer, vens?

Corrente quebrada! Zero! Bah… Sou assim tão boa actriz que te pareça bem quando dentro de mim tudo se desmorona?!

Não queria pedir-te que me amasses! Não queria pedir-te que me beijasses! Não queria pedir-te nada extravagante! Só queria pedir-te um abraço, um abraço de um grande amigo!

Mas talvez a culpa tenha sido mesmo minha, eu é que deveria ter encontrado as palavras, para te dizer unicamente: “Abraça-me!”

Filipa Castro

18-11-2006

sábado, novembro 18, 2006

Almas como a chuva



- Preciso de uma alma nova!
Sorri enternecida! A ideia era acarinhar-te, confortar-te, mostrar-te o meu apoio...
A verdade é que essa frase me custou e não sei porquê! Soube que em mim essa afirmação que me pareceu tão desesperada na tua boca, era personificação de mim mesma...
Enquanto ele dizia que eu estava estranha e pensativa, eu insistia que nao! Mas a verdade é que cinco minutos mudaram-me o pensamento, mudaram-me o humor, as ideias, o sorriso... Era nisso que pensava quando fiquei de olhar perdido a ver a chuva a cair lá fora e tu me quebraste com o braço saltitante a corrente da minha vista! Talvez tenha sido melhor assim, se não o tivesses feito, a minha alma ia perder-se na chuva, na tristeza, na solidão imperfeita, porque tu estavas ali comigo!
Já pensaste como era facil se as almas caissem do céu como as gotas da chuva? Bastava abrires essa janela ao teu lado, estenderes a mão... e puff! Em segundos tinhas milhares de almas na palma da tua mão! Era aó escolheres...
Essa tua frase de abandono ao desespero, desmoronou mais uma vez a minha barreira entre a realidade e a forma que arranjo de não pensar, de estar sempre bem... de sorrir só porque sim, de não pensar que ao chegar ao fim do dia, naquele quarto repleto de fotos e recordações, eu vou ficar uma vez mais só, sem nada...
Vês aquelas gotas mais grossas que caem das bordas do beiral?! São almas grandes, repletas de sonhos, sentidos, ideais... São gotas, tão completas, tão cheias do que mais que simples moléculas de hidrogénio e oxigénio combinadas!
Mas infelizmente as gotas lá fora são mais que os grãos de areia no fundo do mar, mas cá dentro, almas? Só as de nós duas! Perdidas num lugar certo, confusas, vazias de certezas, sem rumo nem norte, sem forma de ter uma qualquer que seja, alma nova!
Só tenho vontade de desaparecer e parar no lugar onde não sinta nada, queres vir comigo?


Filipa Castro


P.S- Também gosto muito de ti!