limbo dos sonhos

Porque todos nós sonhamos... nem que seja por um momento apenas!

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Sou apenas mais uma, daquelas que prefere a luz às sombras!

sexta-feira, junho 11, 2010



Hoje apetece-me escrever.
As palavras andam fugidas e o gosto desse vazio, trazido em memórias e textos sentidos de outras pessoas, não me soube bem.
Sinto-me enferrujada e sem um fio logico onde agarrar... como se tudo isto não passasse apenas de um novelo sem fim, com muitas pontas e um so conduto.
Agarro aquela que mais se foi desdobrando neste dia cansado. A irritação de estar num curso universitario, a 1/4 de o terminar finalmente e esta sensação estúpida de me sentir estúpida! (e não se trata de uma repetição, mas de um facto)
Dois anos de estudos teoricos e brincadeiras práticas, para encarar a realidade e tudo ser uma bela metáfora de tudo o que estudamos, metáfora bem mais complexa, bem mais embrulhada de coisas que não sabia. E sinto-me culpada e sem saber muito bem que parte não ouvi, de todas as disciplinas que fiz e passei, sem escapar a uma única por estudo!
Hoje sinto-me cansada. Aproximam-se as últimas horas e sinto-me como se nada soubesse... sinto-me incompetente na realidade, como se tudo o que sei não passasse de um grão de arroz no fundo do oceano, e eu nao sei se consigo dar mais braçadas (e por favor nao me digam que será assim para toda a vida, poque a sensação de me sentir a maior ignorante à face da terra, já é ruditiva quanto baste). Um ano de esforços, de sacrificios, de coisas que pesaram e no fim... a certeza quase certa de ser um mísero ser que aspira ser algo maior do que o que pode na realidade.
Não foi por acaso. Aquilo que me sinto hoje é bem melhor que nos últimos dois anos, é bem mais seguro... mas não no que toca ao curso, mas sim a mim! Mas e o curso universitario que me deveria dar estabilidade e segurança? Tretas! O que nao falta é desemprego e injustiças no que toca à minha futura profissão (que assim o espero, pelo menos em parte).
Nestes dias assim, sinto falta dos palcos... não os palcos de tuna, que esses felizmente temos tido imensos onde pisar, os outros palcos, a outra música, o outro eu... nestes dias, é como se tudo não passasse de uma pausa que fiz em mim propria, no meu sonho, na minha realizaçao!
Se ha coisa que me confunde neste momento, é a minha diversidade de gostos... eu gosto do contacto com as pessoas, eu adoro entender o ser humano de forma clinica, ajudar a melhorar a qualidade de vida, de cuidados, de conforto... eu adoro a enfermagem e toda a capacidade que os enfermeiros tem de tornar a vida dos outros melhor... mas falta-me algo! Aquele pequeno e insignificante "algo", que faz toda a diferença!
Falta-me o peso de um guião, falta-me anostalgia de ser outra pessoa por breves horas, falta-me o nervosismo nà flor da pele, a barriga às voltas, o cheiro a mofo dos palcos antigos carregados de memórias... falta-me o eco da voz cantada nas galerias dos mais antigos teatros, o calor dos musculos que se alongam para uma dança contemporania e o suor partilhado de tantos sonhos e encantos de irmão ( e de muito mais pessoas).
Há um cansaço que lentamente adormece em mim... não me perguntem para onde, mas foi! Não saberia encontrar respostas para isso, bem como para grande parte do que quer que fosse que me questionassem agora! Tou viva? Sim! Sinto a luz? Sem dúvida! Quero agarra-la? Com tudo o que tenho!
O guarda roupa é o mesmo, o palco, o cenario... mas sei que não há forma de parar esta peça agora e sinto esta força de não parar nunca mais... não sei de onde vem ao certo, nem sei tão pouco se faço sentido com tantas pontas puchadas de um novelo só... mas as cortinas ja se abriram depois do intervalo, começa o 2º acto... (recomenda-se que leiam as entrelinhas do brochura distribuida à entrada, aquelas letras pequenas que apenas os entendedores da arte poderam decifrar: o segundo acto, não tem previsão de tempo de duração! Recomenda-se que se aconchegue no seu lugar e se limite a disfrutar)

PS: Não é hora de coisas sentimentais, ou talvez o seja, continuo sem saber muito bem, mas nao posso deixar de mencionar, em jeito de agradecimento, o nome de alguns encenadores por trás desta peça, os responsaveis por o recomeço do 2º acto! Obrigada Jo, Kiko, Dee, Catia, Sófi, Carla e Mana,obviamente! voces fizeram-me ver que vale a pena!
PS2: Obrigada, ainda que indirectamente, ao responsavel por me trazer o fôlego para mais uma escrita!

Ana

4 Comments:

Anonymous Mariana said...

linda ta lindoo texto força ai,,,,
beijinhu

3:50 da tarde  
Blogger José de Bettencourt said...

As vezes que penso em como estarás , no que sentirás agora que pareço já tão distante de ti. ( Será que sabes que descolei todas as fotografias que tinha no quarto, excepto a tua?.)
A tua permanece, pelo simples facto que em mim , tu não és mutável. Ainda espero pelo dia de te ver feliz , mesmo feliz , em cima de um palco. Em Setembro começo o curso superior de teatro , depois disso só a vida sabe como será. Espero um dia poder ter o prazer e o privilégio de ter perto, de saboriar cada bocadinho do teu potencial enquanto actriz , enquanto amiga , irmã , enquanto tu mesma.
Tenho tantas saudades tuas Ana, estou aqui para ti , quando precisares.
Lembra-te... a vida apenas faz sentido se tivermos nela os nossos sonhos , por favor , não te negues. Acredita , acredita sempre.

abraço enorme, com tanta saudade,

Pedro.

4:19 da tarde  
Blogger Rui said...

Escrever é deixar fluir, é contar, é reviver, ou até viver, porque não?

Escrever é ter o 1º o 2º o 3º actos na ponta do lápis ou ter mesmo a força para criar, construir, limpar, equilibrar, o que quiseres que seja, desde que seja escrito com alma, coisa que não te falta em nem uma celula de TI :)

1:56 da tarde  
Anonymous Myself said...

Huummm… que bom que te apeteceu escrever! “Hoje”, sem pseudónimos, só tu…

Palavras fugidas, gosto sem paladar, enferrujada, ilógica… é tudo o que Tu não és! Quem te “conhece”, quem te “vê”, quem te “lê”, quem te “sente”, quem te “escuta”, não me deixa mentir!

“Tens o mundo a teus pés e não ficas calado…”. Não deixes que esse medo de “não saber” e de “poder não ser capaz” te tire o discernimento do que tu realmente és! Só quem sabe da sua arte, só quem se conhece, só quem é profissional sabe o caminho que tem a percorrer. Um quarto do final do curso significa apenas que estás a 25% (lol) de uma nova etapa, etapa essa em que o que aprendeste não se vai comparar ao que irás aprender e viver. Mas, não obstante isso, é o que tu sabes agora e aprendeste (acredito que muito) que vai sempre fazer a diferença entre ti, e os outros. Não é que sejas sempre melhor que os outros (eu sou uma pessoa suspeita para indagar acerca disso), mas és tu… e tens de acreditar em ti! Só o facto de te sentires vazia, quereres saber mais, diz muito acerca do teu carácter! Só os muito incompetentes é que não admitem que o são. Lembras-te de quem disse: “Só sei que nada sei”?

Pelo que percebi, estás a tirar enfermagem, certo? Pode não ser a escolha de medicina/pediatra, mas quantas vezes não te imagino no meio de crianças com o teu sorriso rasgado a iluminar os seus rostos. Ou no meio de velhinhos a dares todo o teu carinho, a tua atenção, o teu cuidado… oh pah, nunca mais envelheço =) A profissão é das mais nobres, é aquela que se dedica ao que os “doutores” não são capazes de fazer, pois o seu “estatuto” não os deixar atingir o nível dos homens e mulheres que, pela sua corporeidade, padecem de algum mal. Não te deixes ir abaixo, tenho a certeza que tu és e serás excelente.

Aliás, às vezes penso (e ficou patente pelo que escreveste) que o teu maior problema é ser polivalente: cantar, dançar, representar, modelo, escrever… enfim, és a rapariga dos mil ofícios. A menina feia, “rejeitada” cresceu e tornou-se numa Mulher cheia de atributos que passou a ver o mundo através de outros “óculos” e o mundo passou a vê-la de outra forma. Daí até à “fama” foi inevitável, mas tudo tem um preço e às vezes, por culpa própria, outras vezes por arrasto, a fronteira entre o ser e o ter tornou-se muito ténue. Mas também outras portas foram-se abrindo e eu compreendo a tua frustração. Compreendo não por ter todos os teus dons, mas sim porque muitas vezes caía no pensamento de querer experimentar todas as profissões por uma semana, para depois poder escolher e escolher bem. Cheguei à conclusão que não há uma escolha certa, existem vocações, coisas que nos realizam e que muitas vezes até podem ser conciliadas. É claro que num curso ou numa maternidade não dá para conciliar todas as coisas, há prioridades, por ex. o Hugo ou a Madalena enquanto bebés não o vão permitir, mas depois, com o passar do tempo… Por isso, não desistas! Há tempo para tudo e “we could steal time”.

Para quando um livro best seller teu? Uma peça em que tu sejas a protagonista, ou um cartaz publicitário em que tu apareças em grande plano quando passeio pela cidade?

O sonho és tu que o tornas realidade. Eu sei que às vezes sentimo-nos em baixo e sentimo-nos como um grão de arroz no fundo do oceano. No outro dia fui a uma praia e senti isso mesmo, senti que a humanidade estava representada naquela areia, areia fina e olha que areia pode ser bem fina, mas cada grãozinho não deixa de ter o seu papel, nem que seja simplesmente para nós a sentirmos nos nossos pés descalços ou para colar-se ao nosso corpo, enquanto fumamos um cigarro na toalha, depois de um banho de água salgada. Mas um grão sozinho não vence a força do vento nem a da maré, daí existirem outros como tu reconheces, outros grãos na nossa vida que nos fazem permanecer e manter a beleza desta praia que, embora não seja nossa, temos o dever de a revitalizar a cada dia que passa. Nunca deixes que o sol deixe de nascer na tua vida, quero dizer, praia!

Não tenhas medo, nunca estarás sozinha, alguém estará sempre contigo!

4:46 da tarde  

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