Carta para Ninguém
Nesta terra de ninguém, neste mundo sem dono…sinto-me só! Apetece-me fugir, correr, ficar por aí… sem dono, sem destino… sem nada nem ninguém, porque na verdade, nada nem ninguém me pode entender! Porque as pessoas pensam que entram dentro dos meus pensamentos e sonhos, porque pensam que sabem o que na verdade sou…. Mas elas não sabem, não! Não sabem nada…
Se eu morresse neste momento… se eu fizesse parar, propositadamente, o ritmo do batuque que me arde no peito… quem saberia porque o fiz? Quem poderia levantar-se orgulhoso de sabedoria, e afirmar com uma certeza sólida, com pilares de aço, que o fiz por que algo me correu mal nesta pintura que faço e volto a fazer há dezassete anos? E se eu disser que não? E se eu o disser que o fiz porque a minha inspiração para pintar este mural, terminou simplesmente… ou então, porque acho esta pintura tão imperfeita, mas tão bela, que não quero continuar a pintar, com medo de a estragar…? Será que alguém acreditaria?
Ninguém me conhece, não, e quem me conhece, finge não me conhecer!
Por onde tens andado tu, que me tens deixado sozinha? Nem mesmo sendo Ninguém, não me queres compreender! Vais e voltas como te apetece… pensei que algo que sai da minha imaginação podia ser perfeito, mas não é… e dói descobri-lo! Porque me foges? Porque me deixas sozinha a passear pelas ruelas do tempo?
Ninguém…escuta! Não fujas… dá-me a tua mão, leva-me contigo para lado nenhum… conforta-me, mima-me, deixa sentir que na morada da Rua Qualquer, no nº indeterminado da Vila Sem Nome, alguém espera as minhas cartas e as lê tão sofregamente, como sofregamente eu preciso de escrever, e apenas não me responde, porque não sabe escrever… pobre Ninguém!
Quero estar onde Ninguém está, quero ser o que Ninguém é, quero viver como Ninguém vive…eu quero ser ninguém, porque se eu continuar a ser Alguém, já nem Ninguém me reconhece!
Madalena
Se eu morresse neste momento… se eu fizesse parar, propositadamente, o ritmo do batuque que me arde no peito… quem saberia porque o fiz? Quem poderia levantar-se orgulhoso de sabedoria, e afirmar com uma certeza sólida, com pilares de aço, que o fiz por que algo me correu mal nesta pintura que faço e volto a fazer há dezassete anos? E se eu disser que não? E se eu o disser que o fiz porque a minha inspiração para pintar este mural, terminou simplesmente… ou então, porque acho esta pintura tão imperfeita, mas tão bela, que não quero continuar a pintar, com medo de a estragar…? Será que alguém acreditaria?
Ninguém me conhece, não, e quem me conhece, finge não me conhecer!
Por onde tens andado tu, que me tens deixado sozinha? Nem mesmo sendo Ninguém, não me queres compreender! Vais e voltas como te apetece… pensei que algo que sai da minha imaginação podia ser perfeito, mas não é… e dói descobri-lo! Porque me foges? Porque me deixas sozinha a passear pelas ruelas do tempo?
Ninguém…escuta! Não fujas… dá-me a tua mão, leva-me contigo para lado nenhum… conforta-me, mima-me, deixa sentir que na morada da Rua Qualquer, no nº indeterminado da Vila Sem Nome, alguém espera as minhas cartas e as lê tão sofregamente, como sofregamente eu preciso de escrever, e apenas não me responde, porque não sabe escrever… pobre Ninguém!
Quero estar onde Ninguém está, quero ser o que Ninguém é, quero viver como Ninguém vive…eu quero ser ninguém, porque se eu continuar a ser Alguém, já nem Ninguém me reconhece!
Madalena