
Olho para esta folha…
É enorme!
É Branca!
É triste de mais!
Queria escrever
Quero preenche-la de mil palavras
Palavras lindas
Palavras boas
Palavras apenas!
A noite também esta triste
Está estranhamente iluminada
Mas…
Triste!
Quem me dera vê-la como outrem
Alegre
Repleta de estrelas
De misticismos
De ilusões e sonhos!
Mas para mim,
Não deixa de ser triste!
O silêncio
Ensurdece-me os ouvidos!
Incomoda
Arranha
Que noite estranha!!!
Gosto!
Não sei!
É estranho!
Fica no ar a pairar músicas
Muitas
As minhas músicas!
Aquelas!
Aquelas em que as suas letras me beijam
As melodias me abraçam
As pausas me empolgam!
Queria não estar só!
Neste momento!
Faz-me falta alguém!
Nem que fosse para ficar só em silêncio
Neste silêncio triste!
Não eram precisas palavras
Sorrisos
Explicações
Consolos, de não sei o quê!
Só a presença!
Queria fechar os olhos
Queria saber,
Que seria fácil adormecer
Que era apenas eu querer!
Mas não queria
Que ninguém
Me fizesse para de chorar
Ninguém!
Sei que é estranho!
Mas quero chorar
Ate não poder mais
Ate doer a barriga
Ate ser um farrapo de mim mesma
Não ser nada
Não ser ninguém
Não possuir nada
Não ser de ninguém
Só vazio!
E assim ter a certeza
De me ter livrado disto!
Disto
Que é?
Não consigo dizer!
Mas faz ser triste
Estar triste
Sentir triste
Viver triste
Faz ver pena nos olhos dos outros
Pena!
Desprezo-a!
Mais que tudo
Quero-a bem longe!
Não sei como me livrar disto
Não encontro soluções
Magias
Equações
Hipotéticas resoluções
Mas a pena
Que faz?
Faz sentir ainda pior
Só isso!
Que noite estranha!
Em que o silencio mata
A solidão sufoca
As palavras mentem
E as conclusões… nenhumas!
A minha vontade
É de sair por ai a correr
Chegar a parte nenhuma,
Ao mar talvez!
Mergulhar na água gelada
Ter um abraço quente à espera cá fora
Um momento romântico
Sem palavras
Sem nada que altere o seu significado!
Não quero palavras esta noite
Não quero que ninguém fale
Não quero nada
E quero acabar com isto!
Com a dor
Com o silêncio
Com o vazio
Com a solidão
Com a pena
Com as palavras!
È uma noite estranha de mais!
Estranha!
As lágrimas acabaram
Secaram!
O silêncio
Preenchido pela minha música
A solidão
Invadida pelo cansaço!
Quero ser racional
Mas já não consigo!
O cansaço
(de nada em especial)
Deu-me a mão
Quer que eu o siga
Não gosto de ser conformista
Mas hoje,
Sei que irei
Dê por onde der!
Vou dar-lhe a mão
Sei que ele me leva para bem longe
Isso basta!
Por momentos
Serei feliz
Sem nada disto!
Sou livre…
É só uma noite estranha
Não poderia deixar de o ser
Não poderia passar-me ao lado
Não poderia ajudar-me em nada
Mas não deixa de ser
A noite mais estranha!!!
Filipa
6-6-2006